Ação fantasmagórica à distância é 10.000 vezes mais rápida que a luz
Redação do Site Inovação Tecnológica - 02/04/2013
Para fazer a medição, os físicos criaram feixes de fótons
entrelaçados e os separaram a uma distância de 15 quilômetros. [Imagem: Juan Yin
et al.]
Difícil até para Einstein
O conceito de entrelaçamento quântico - ou emaranhamento - deixou
desgrenhado ninguém menos do que Albert Einstein.
Quando ouviu falar que duas partículas quânticas podiam se entrelaçar, de
forma que o que acontecesse com uma afetaria imediatamente a outra, não
importando se ambas estivessem em extremos opostos da galáxia, o gênio da física
chamou isto de "ação fantasmagórica à distância".
As teorias de Einstein estabelecem um limite máximo de velocidade universal, a velocidade da luz -
nada pode superar a velocidade da luz, segundo o paradigma da física atual.
Porém, no caso do entrelaçamento, conforme propõe a mecânica quântica, não se
trata nem mesmo de velocidade, mas de instantaneidade.
Embora o entrelaçamento quântico venha sendo demonstrado experimentalmente
à exaustão, inclusive em uma versão tripla, poucos se arriscam a especular como é que uma
partícula "sabe" o que deve fazer quando sua irmã gêmea sofre uma alteração.
A proposta mais recente fala em influências escondidas, que existiriam além do
espaço-tempo.
Velocidade do entrelaçamento quântico
Uma equipe de físicos chineses agora tentou uma abordagem mais
experimental.
Eles queriam medir a velocidade com que a ação fantasmagórica à distância é
passada de uma partícula para a outra.
E o resultado foi: pelo menos quatro ordens de magnitude mais rápido do que a
velocidade da luz.
Uma ordem de magnitude equivale a 101 - assim, a velocidade medida
foi de 104, ou seja, 10.000 vezes mais rápido do que a velocidade da
luz.
Na verdade, não se trata de que alguma coisa esteja realmente viajando a uma
velocidade maior do que a velocidade da luz - no entrelaçamento quântico não há
troca de informações entre as partículas, ou seja, nada realmente "viaja" de um
ponto a outro, as partículas apenas parecem "saber" quando a outra foi
afetada.
O que os físicos chineses mediram foi o tempo que separa uma alteração na
primeira partícula e a alteração na sua partícula entrelaçada - fazendo as
contas, isso equivaleria a uma informação hipotética que viajasse a 10.000 vezes
a velocidade da luz entre as duas partículas, se houvesse transmissão de
informação.
Ou seja, o experimento nada tem a ver com o fiasco dos neutrinos que não superaram a velocidade da luz, ainda que
alguns físicos defendam que superar a velocidade da luz de fato é matematicamente
possível.
Os pesquisadores também são cuidadosos em afirmar que esta velocidade está no
limite do que o experimento consegue medir com confiabilidade - ou seja, a
velocidade é provavelmente muito maior.
Diagramas espaçotemporais da medição da velocidade do entrelaçamento
quântico. [Imagem: Juan Yin et al.]
Todos com razão
Para fazer a medição, os físicos criaram feixes de fótons entrelaçados e os
separaram a uma distância de 15 quilômetros.
São necessários muitos fótons porque a precisão envolvida no experimento é
tamanha que até mesmo a rotação da Terra desloca os fótons em distâncias que são
significativas nessas escalas temporais.
Para contrabalançar essas influências, os físicos separaram as duas
partículas no sentido leste-oeste, e fizeram o experimento continuamente durante
12 horas.
A equipe de Juan Yin, da Universidade de Ciência e Tecnologia da China, é a
mesma que recentemente bateu o recorde de distância do teletransporte - em Setembro do ano
passado, seu recorde foi superado por uma equipe europeia:
Em resumo, apesar de um resultado capaz de fritar neurônios, o experimento
não se contrapõe nem à teoria da relatividade de Einstein - porque não há troca
de informações entre as duas partículas -, e nem à mecânica quântica.
Na verdade, uma velocidade de 10.000 vezes a velocidade da luz como limite
mínimo parece mais uma vez dar razão à mecânica quântica, que continua afirmando
que a ação fantasmagórica à distância é instantânea.
Bibliografia:
Bounding the speed of "spooky
action at a distance"
Juan Yin, Yuan Cao, Hai-Lin Yong, Ji-Gang Ren, Hao
Liang, Sheng-Kai Liao, Fei Zhou, Chang Liu, Yu-Ping Wu, Ge-Sheng Pan, Qiang
Zhang, Cheng-Zhi Peng, Jian-Wei Pan
arXiv
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Quando as encaram como ondas, os físicos estão falando de uma função de onda, uma descrição matemáticade uma onda, que determina as probabilidades de que as partículas quânticas tenham determinadas propriedades.
Mas agora um trio de físicos ingleses está defendendo a ideia quase chocante de que a função de onda na verdade é algo real, fisicamente real, e não uma probabilidade estatística.
Dois sistemas quânticos são preparados independentemente. O estado quântico de cada um, determinado pelo método de preparação, é ou 0 ou positivo. Os dois são postos juntos e medidos. Segundo a nova teoria, o resultado da medição somente pode depender das propriedades físicas dos dois sistemas no momento da medição. [Imagem: Pusey/Barret/Rudolph]
Teorema abala fundações da mecânica quântica
Redação do Site Inovação Tecnológica - 24/11/2011
Representação radial da função de onda de um elétron. [Imagem: NERSC]
Função real
Você já deve estar cansado de ouvir falar que a mecânica quântica pode "interpretar" um átomo, um elétron ou um fóton, por exemplo, como uma partícula ou como uma onda.
A função de onda há muito tempo é interpretada como uma ferramenta estatística que reflete nossa ignorância sobre as partículas quânticas.
Terremoto na física
Parece que "abalar" as bases da física não é uma expressão suficiente para dar conta do que essa proposta significa: "Eu não quero parecer hiperbólico, mas eu acredito que a expressão 'abalo sísmico' parece se aplicar bem a esse artigo," comentou o professor Antony Valentini, da Universidade Clemson, que não faz parte do trio que está defendendo esta ideia.
Ouvido pela revista Nature, Valentini afirma que este resultado pode ser o teorema geral (relacionado à mecânica quântica) mais importante desde o teorema de Bell.
Em 1964, o irlandês John Stewart Bell demonstrou que, se a mecânica quântica descrevia entidades reais, então ela teria que incluir a misteriosa "ação à distância", os famosos átomos assombrados de Einstein.
Agora, um novo teorema mostra que, se a função de onda quântica for meramente uma ferramenta estatística, então mesmo os estados quânticos que não estão conectados através do espaço e do tempo - por meio do entrelaçamento quântico - deveriam ser capazes de se comunicar uns com os outros.
Como isso parece ser altamente improvável, Matthew Pusey, Terry Rudolph (Imperial College) e Jonathan Barrett (Universidade de Londres) concluíram que a função de onda não é algo meramente formal, mas um aspecto concreto da realidade.
"Isso arranca fora a obscuridade e mostra que não podemos ter uma interpretação de um estado quântico como algo probabilístico," opinou David Wallace, da Universidade de Oxford.
Consciência quântica
Essa discussão nos leva de volta à geração de gênios que construiu o arcabouço teórico sobre o qual a física navega há quase um século. Nos anos 1920, Niels Bohr e a chamada "interpretação de Copenhague" da física quântica consideraram a função de onda como uma ferramenta computacional.
Einstein concordou com reservas, afirmando que a função de onda também poderia ter algo a ver com uma realidade subjacente ainda desconhecida.
Já Erwin Schrodinger, aquele do gato que fica viva e morto ao mesmo tempo, chegou a considerar que a função de onda era uma realidade física.
Mas o assunto foi varrido para debaixo do tapete desde então.
Segundo Valentini, a interpretação de Copenhague caiu de moda, mas a ideia da função de onda como uma ferramenta estatística voltou a dominar o mundo da física com o advento da teoria da informação quântica.
O novo teorema volta atrás, afirmando que os sistemas quânticos devem "saber" exatamente o estado em que foram preparados - algo como se uma moeda que dê seis caras em cada 10 tentativas tenha uma propriedade física de dar resultados corrompidos, em vez de o excesso de caras ser um mero acidente estatístico.
A propósito, a revista Nature não publicou, apenas comentou o artigo, que está no repositório arXiv, ainda não publicado por nenhuma revista revisada pelos pares.
Bibliografia:
The quantum state cannot be interpreted statistically
Matthew F. Pusey, Jonathan Barrett, Terry Rudolph
arXiv
14 Nov 2011
http://xxx.lanl.gov/abs/1111.3328
On the reality of the quantum state
Matthew F. Pusey, Jonathan Barrett, Terry Rudolph
Nature Physics
Vol.: 8, 476–479
DOI: 10.1038/nphys2309
The quantum state cannot be interpreted statistically
Matthew F. Pusey, Jonathan Barrett, Terry Rudolph
arXiv
14 Nov 2011
http://xxx.lanl.gov/abs/1111.3328
On the reality of the quantum state
Matthew F. Pusey, Jonathan Barrett, Terry Rudolph
Nature Physics
Vol.: 8, 476–479
DOI: 10.1038/nphys2309
Um comentário:
OUVI QUE A VELOCIDADE DO PENSAMENTO É BEM MAIOR QUE A VELOCIDADE
DA LUZ. ENTÃO, POR QUE OS FÍSICOS ESTÃO DEMORANDO PARA DERRUBAR O QUE
EINSTEIN POSTULOU QUE NADA PODE ULTRAPASSAR 300.000 km/s ?
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