sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

O CAMPO - Em busca da força secreta do Universo-O Universo ressonante - Parte 1



PRÓLOGO
A revolução iminente
Estamos na iminência de uma revolução, de uma revolução tão ousada quanto a descoberta da relatividade por Einstein. Estão emergindo na fronteira da ciência novas idéias que desafiam tudo o que acreditamos a respeito da maneira como o nosso mundo funciona e de como definimos a nós mesmos. Estão sendo feitas descobertas que comprovam o que a religião sempre sustentou, ou seja, que os seres humanos são bem mais extraordinários do que um agrupamento de carne e ossos. Em sua base essencial, essa nova ciência responde a perguntas que deixaram os cientistas perplexos durante centenas de anos. Em sua parte mais profunda, trata-se de uma ciência do miraculoso.Há várias décadas, cientistas respeitados de diversas disciplinas ao redor do mundo vêm conduzindo experiências bem planejadas cujos resultados contrariam a biologia e a física atuais. Em conjunto, essas pesquisas nos oferecem informações copiosas acerca da força organizadora central que governa o nosso corpo e o resto do cosmo. O que eles descobriram é nada menos do que impressionante. Em nossa essência mais elementar, somos uma carga de energia. Os seres humanos e todas as coisas vivas são uma coalescência em um campo de energia conectado a todas as outras coisas que existem no mundo. Esse campo de energia pulsante é o mecanismo central do nosso ser e da nossa consciência, o alfa e o ômega de nossa existência. Não existe uma dualidade “eu” e “não-eu” do nosso corpo em relação ao Universo, mas apenas um único campo fundamental de energia. Esse campo é responsável pelas funções superiores de nossa mente, a fonte de informações que orienta o crescimento do nosso corpo. Ele é o nosso cérebro, o nosso coração, a nossa memória – na verdade, ele é um projeto do mundo para toda a eternidade. O campo é a força, e não micróbios ou genes, que determina se estamos saudáveis ou doentes, a força que precisa ser utilizada para que possamos ficar curados. Estamos conectados e envolvidos com o nosso mundo, somos inseparáveis dele, e a nossa única verdade fundamental é o nosso relacionamento com ele. “O campo”, como Einstein certa vez o chamou sucintamente, “é a única realidade.”
Até o momento, a biologia e a física têm sido serviçais dos conceitos defendidos por Isaac Newton, o pai da física clássica. Tudo que acreditamos a respeito do nosso mundo e do lugar que ocupamos nele deriva de idéias formuladas do século XVII, mas que ainda compõem a espinha dorsal da ciência moderna — teorias que apresentam todos os elementos do Universo como sendo isolados uns dos outros, divisíveis e de todo independentes. Essas concepções, em sua essência, criaram uma visão de mundo de separação. Newton descreveu um mundo material em que as partículas individuais da matéria seguem certas leis de movimento através do espaço e do tempo, ou seja, o Universo como uma máquina. Antes de Newton formular suas leis do movimento, o filósofo francês René Descartes apresentara uma idéia que na época era revolucionária: que nós, representados por nossa mente, éramos separados dessa matéria inerte e sem vida de nosso corpo, que era apenas outro tipo de máquina bem lubrificada. O mundo era composto por uma carga de pequenos objetos distintos, que se comportavam de maneira previsível. O mais separado deles era o ser humano. Nós nos sentávamos fora desse Universo e olhávamos para dentro. Até mesmo o nosso corpo era de alguma maneira separado e diferente do nosso verdadeiro eu, a mente consciente que fazia a observação. O mundo newtoniano talvez fosse obediente à lei, mas em última análise era um lugar solitário e desolado. O mundo seguia adiante, uma vasta caixa de câmbio, quer estivéssemos presentes, quer não. Por meio de algumas hábeis medidas, Newton e Descartes haviam arrancado Deus e a vida do mundo da matéria, e retirado nós mesmos e nossa consciência do centro do nosso mundo. Eles arrancaram o coração e a alma do Universo, deixando em sua esteira uma coleção inanimada de partes entrelaçadas. O mais importante de tudo é que, como observou Danah Zohar emThe Quantum Self, “a visão de Newton nos retirou da estrutura do Universo”.
Nossa auto-imagem se tornou ainda mais sombria com a obra de Charles Darwin. A teoria da evolução, agora um pouco refinada pelos neodarwinistas, é a teoria de uma vida aleatória, predatória, sem sentido e solitária. Para sobreviver, você simplesmente tem que ser o melhor. Você nada mais é do que um acidente evolucionário. A vasta e complexa herança biológica de nossos ancestrais é desnudada até ser reduzida a um aspecto central: a sobrevivência. Coma ou seja comido. A essência da condição humana é um terrorista genético, que se liberta com eficácia de quaisquer elos mais fracos. A vida não consiste no compartilhamento ou na interdependência. A vida diz respeito a vencer, a chegar primeiro. E se consegue sobreviver, você fica por sua própria conta no topo da árvore evolucionária. Esses paradigmas, o mundo encarado como uma máquina, e o homem como uma máquina de sobrevivência, conduziram a um domínio tecnológico do Universo e a um conhecimento verdadeiro muito pequeno que encerre qualquer importância fundamental para nós. Em um nível espiritual e metafórico, eles provocaram um sentimento desesperado e brutal de isolamento. Tampouco nos deixaram mais próximos dos mistérios mais essenciais de nossa existência: como pensamos, como começa a vida, por que ficamos doentes, como uma única célula se transforma em uma pessoa plenamente formada e até mesmo o que acontece com nossa consciência quando morremos. Permanecemos apóstolos relutantes dessas visões do mundo como que mecanizado e separado, mesmo que isso não faça parte de nossa experiência habitual. Muitos de nós buscam se proteger do que encaramos como o fato adverso e niilista de nossa existência na religião, que pode nos oferecer alguma ajuda com seus ideais de unidade, comunhão e propósito, mas por intermédio de uma visão de mundo que contraria a opinião defendida pela ciência. Qualquer pessoa que esteja buscando uma vida espiritual precisa lutar com essas concepções de mundo opostas e tentar, infrutíferamente, conciliá-las. Esse mundo de separações deveria ter sido destruído de uma vez por todas pela descoberta da física quântica na primeira parte do século XX. Quando os pioneiros da física quântica esquadrinharam a essência da matéria, ficaram impressionados com o que viram. Os fragmentos mais minúsculos da matéria não eram nem mesmo matéria, como a conhecemos, não eram nem mesmo algo fixo, mas às vezes uma coisa e às vezes outra bem diferente. E mais estranho ainda é que eles eram com frequência muitas coisas possíveis ao mesmo tempo. No entanto, o mais importante é que essas partículas subatômicas, isoladamente, não possuíam sentido nenhum; só significavam alguma coisa se estivessem relacionadas com todo o resto. Em sua essência mais básica, a matéria não podia ser desmembrada em pequenas unidades independentes, sendo completamente indivisível. Só era possível compreender o Universo como uma rede dinâmica de interligações.
As coisas que em algum dia estiveram em contato permaneciam sempre em contato através de todo o espaço e de todo o tempo. Na verdade, o tempo e o espaço pareciam ser conceitos arbitrários, não mais aplicáveis a este nível do mundo. Na realidade, o tempo e o espaço como os conhecemos não existiam. Tudo que aparecia, até onde os olhos conseguiam enxergar, era um longo cenário do aqui e agora. Os pioneiros da física quântica – Erwin Schrödinger, Werner Heisenberg, Niels Bohr e Wolfgang Pauli – tinham uma pista do território metafísico que haviam violado. Se os elétrons estavam conectados simultâneamente em toda parte, isso indicava algo profundo a respeito da natureza do mundo como um todo. Os cientistas se voltaram para textos de filosofia clássica na tentativa de compreender a verdade mais profunda sobre o estranho mundo subatômico que estavam observando. Pauli examinou a psicanálise, os arquétipos e a cabala; Bohr, o Tao e a filosofia chinesa; Schrödinger, a filosofia hindu; e Heisenberg, a teoria platônica da Grécia antiga. Não obstante, uma teoria coerente das implicações espirituais da física quântica permaneceu além do alcance desses estudiosos. Niels Bohr pendurou uma placa em sua porta com os dizeres “Proibida a entrada de filósofos. Gente trabalhando”. A física quântica continha outra questão bastante prática e inacabada. Bohr e seus colegas só avançaram até certo ponto em suas experiências e entendimentos. As experiências que haviam realizado para demonstrar esses efeitos quânticos ocorreram em laboratório, com partículas subatômicas sem vida. A partir dali, os cientistas que os sucederam partiram do princípio de que esse estranho mundo quântico só existia no mundo da matéria sem vida. Qualquer coisa viva ainda funcionaria de acordo com as leis de Newton e Descartes, concepção essa que inspirou toda a medicina e biologia modernas. Até mesmo a bioquímica depende da força newtoniana e da colisão para funcionar.
E o que dizer de nós? De repente, havíamos nos tornado fundamentais para todos os processos físicos, mas ninguém reconhecera esse fato plenamente. Os pioneiros quânticos haviam descoberto que o nosso envolvimento com a matéria era crucial. As partículas subatômicas existiam em todos os estados possíveis até que as perturbássemos, observando-as ou medindo-as, e nesse ponto, elas afinal se estabilizavam em algo real. A nossa observação – a nossa consciência humana – era absolutamente fundamental para que esse processo de fluxo subatômico de fato se tornasse algo definido, mas não fazíamos parte dos cálculos matemáticos de Heisenberg ou Schrödinger. Eles compreenderam que éramos de algum modo muito importantes, mas não sabiam como nos incluir. No que dizia respeito à ciência, ainda estávamos do lado de fora olhando para dentro. Os fios soltos da física quântica nunca foram amarrados em uma teoria coerente, e a física quântica foi reduzida a uma ferramenta extremamente bem-sucedida da tecnologia, vital para a fabricação de bombas e para a eletrônica moderna. As implicações filosóficas foram esquecidas, e tudo o que restou foram as vantagens práticas. A maioria dos físicos de hoje se mostraram dispostos a aceitar, sem uma análise mais profunda, a natureza bizarra do mundo quântico, pois os processos matemáticos, como a equação de Schrödinger, funcionam bastante bem. Mas balançaram a cabeça diante da qualidade contra-intuitiva de tudo aquilo.  Como poderiam os elétrons estar em contato com tudo ao mesmo tempo? Como poderia um elétron não ser uma coisa definida enquanto não fosse examinado ou medido? Como poderia, na verdade, qualquer coisa ser concreta no mundo, se era ilusória assim que começávamos a examiná-la mais de perto? A resposta deles foi dizer que havia uma única verdade para tudo o que era pequeno e outra para tudo o que era muito maior, uma verdade para as coisas vivas, outra para as coisas inanimadas, e aceitar essas aparentes contradições da mesma forma como poderíamos aceitar um axioma básico de Newton.
Essas eram as regras do mundo e deveriam simplesmente ser aceitas sem discussão. A matemática funciona, e isso é tudo que importa. Um pequeno grupo de cientistas espalhado pelo planeta não estava nada satisfeito em continuar lidando automáticamente com a física quântica. Eles exigiam uma resposta mais adequada para muitas das grandes perguntas que haviam sido deixadas sem resposta. Eles prosseguiram com suas investigações e experiências a partir do ponto em que os pioneiros da física quântica haviam parado e começaram a fazer um exame mais profundo. Vários deles repensaram algumas equações que sempre haviam sido descartadas na física quântica. Essas equações correspondiam ao “campo de ponto zero”, um oceano de vibrações microscópicas no espaço entre as coisas. Eles perceberam que se o campo de ponto zero fosse incluído em nossa concepção da natureza mais fundamental da matéria, o suporte do Universo seria um agitado mar de energia, um vasto campo quântico. Se isso fosse verdade, tudo estaria interligado por algo como uma teia invisível. Eles também descobriram que éramos formados pelo mesmo material básico. No nível mais fundamental, os seres vivos, inclusive os seres humanos, eram pacotes de energia quântica que trocavam constantemente informações com esse inexaurível mar de energia. Os seres vivos emitiam uma radiação fraca, e esse era o aspecto mais crucial dos processos biológicos. As informações a respeito de todos os aspectos da vida, desde a comunicação celular até o vasto conjunto de controles do DNA, eram retransmitidas por meio de uma troca de informações no nível quântico. Até mesmo nossa mente, esse outro supostamente tão extrínseco às leis da matéria, operava de acordo com processos quânticos. O pensamento, o sentimento – todas as funções cognitivas superiores – estavam relacionadas com as informações quânticas que pulsavam simultaneamente por nosso cérebro e nosso corpo. A percepção humana ocorreu devido às interações entre as partículas subatômicas de nossos cérebros e o mar de energia quântica. Ressoávamos literalmente com o nosso mundo.
As descobertas desses cientistas foram extraordinárias e heréticas. De uma vez só, desafiaram várias das leis mais básicas da biologia e da física. Talvez tenham descoberto nada menos do que a chave para todo o processamento e troca de informações em nosso mundo, da comunicação entre as células à maneira de ver o mundo como um todo. Eles sugeriram respostas para algumas das questões mais profundas da biologia da morfologia humana e da consciência viva. Aqui, no suposto espaço “morto”, possívelmente residia a chave da própria vida. Eles forneceram evidências de que todos estamos ligados uns aos outros na base do nosso ser. Demonstraram por meio de experiências científicas que talvez haja uma força vital circulando pelo Universo, algo que tem sido alternadamente chamado de consciência coletiva ou, como os teólogos o denominaram, de Espírito Santo. Esses cientistas apresentaram uma explicação plausível para todas as áreas em que a humanidade tem tido fé ao longo dos séculos. De certo modo, eles nos ofereceram uma ciência da religião. Ao contrário da visão de mundo de Newton ou Darwin, a perspectiva desses cientistas estimulava a vida. Eram idéias que poderiam nos fortalecer com suas implicações de ordem e controle. Não éramos simples acidentes da natureza. Havia um propósito e uma unidade em nosso mundo e no lugar que ocupávamos nele, e tínhamos uma influência considerável em tudo isso. O que fazíamos e pensávamos era importante; na verdade, era fundamental para a criação do nosso mundo. Os seres humanos não estavam mais separados uns dos outros. Não havia mais nós e eles. Já não estávamos na periferia do Universo, do lado de fora olhando para dentro. Poderíamos ocupar o nosso lugar legítimo, regressar ao centro do mundo. Essas ideias eram a substância da traição. Em muitos casos, esses cientistas tiveram que travar uma batalha defensiva contra um grupo dominante, obstinado e hostil.
Essas investigações vêm acontecendo há trinta anos, em grande medida não reconhecidas ou refreadas, mas não por causa da qualidade do trabalho. Os cientistas, todos oriundos de instituições confiáveis como as universidades de Princeton e Stanford, as melhores instituições da França e da Alemanha, realizaram experiências impecáveis. Não obstante, tais experimentos atacaram vários princípios considerados sagrados e situados no âmago da ciência moderna.Eles não se encaixavam na visão científica predominante no mundo, no mundo encarado como uma máquina. Reconhecer essas novas idéias exigiria que nos livrássemos de grande parte do que a ciência moderna acredita e, em certo sentido, que começássemos do zero. A velha guarda nem quis ouvir falar dessas teorias, que não se encaixavam na visão de mundo delas e, portanto, estavam necessáriamente erradas. Contudo, já é tarde demais. A revolução é irreversível. Os cientistas que foram destacados em “O campo” são apenas alguns dos pioneiros, uma pequena representação de um movimento mais amplo; Muitos outros estão vindo em seus rastros, desafiando, experimentando e modificando seus pontos de vista, envolvidos com o trabalho com o qual todos os verdadeiros exploradores se envolvem. Em vez de descartar essas informações como inadequadas segundo a visão científica do mundo, a ciência ortodoxa terá que começar a adaptar sua concepção de mundo para que ela se torne adequada.
É chegada a hora de relegar Newton e Descartes aos seus devidos lugares, isto é, o de profetas de uma visão histórica hoje superada. A ciência só pode ser um processo que visa entender o nosso mundo e a nós mesmos, em vez de um conjunto fixo de regras eternas. E, com a introdução do novo, o velho quase sempre precisa ser descartado. O campo é a história dessa revolução que está se formando. A semelhança de muitas revoluções, começou com pequenos focos de rebelião, que reuniam força individual e ímpeto – um avanço revolucionário em uma área, uma descoberta em outro lugar em vez de um movimento de reforma grande e unificado. Embora conscientes do trabalho uns dos outros, são homens e mulheres que vivem em seus laboratórios e que muitas vezes não gostam de se aventurar além da experiência para examinar todas as implicações de suas descobertas ou que nem sempre têm o tempo necessário para colocá-las no contexto de outras evidências científicas. Cada cientista participou de uma viagem de descoberta, e cada um descobriu uma porção de terra, mas nenhum deles foi corajoso o bastante para declará-la um continente.
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O UNIVERSO RESSONANTE-
Luz na Escuridão- A experiência com PES do astronauta Edgar Mitchell
O que aconteceu á Ed Mitchell talvez tenha sido causado pela ausência de gravidade, ou talvez pelo fato de que todos os seus sentidos estavam desorientados. Ele estava a caminho de casa, que no momento estava a cerca de 400 mil quilômetros de distância, em algum lugar da superfície do azul-celeste nublado e do crescente branco que apareciam intermitentemente na janela triangular do módulo de comando da Apollo 14.Mas Ed gostava de pensar em si mesmo mais como explorador do que como piloto de provas: uma espécie de buscador da verdade dos dias de hoje. Sua atração pela ciência lutava a todo tempo com o ardente fundamentalismo batista de sua juventude. Não parecia ter sido por acaso que ele fora criado em Roswell, Novo México, onde alienígenas teriam  sido vistos pela primeira vez – apenas a um quilômetro e meio mais da casa de Robert Goddard, o pai da astronáutica. A ciência e a espiritualidade coexistiam nele, disputando a primazia, mas Ed desejava que elas de algum modo apertassem as mãos e fizessem as pazes.Foi então que, enquanto olhava para fora da janela do módulo de comando Kittyhawk, Ed experimentou o mais estranho sentimento que jamais teria na vida: um sentimento de conexidade, como se todos os planetas e todas as pessoas em todos os tempos estivessem ligadas por uma teia invisível. Ele mal conseguia respirar devido à grandiosidade do momento. Embora continuasse a girar maçanetas e apertar botões, sentiu-se distante do corpo, como se outra pessoa estivesse fazendo a navegação. Um enorme campo de força parecia estar presente, ligando para sempre todas as pessoas, com suas intenções e pensamentos, e todas as formas animadas e inanimadas. Qualquer coisa que ele fizesse ou pensasse influenciaria o resto do cosmo, e qualquer ocorrência neste teria um efeito semelhante nele. O tempo era apenas um conceito artificial. Tudo que ele aprendera sobre o Universo e a separação das pessoas e das coisas pareciam erradas. Não havia acidentes ou intenções individuais. A inteligência natural que continuara a existir durante bilhões de anos, que moldara as moléculas do seu ser, também era responsável por sua jornada atual. Isso não era algo que ele estava simplesmente percebendo em sua mente, e sim um sentimento visceral, como se estivesse se estendendo fisicamente para fora da janela, em direção aos confins mais longínquos do cosmo.
 Ele não vira a face de Deus. Parecia mais uma ofuscante epifania de significado do que uma experiência religiosa convencional – o que as religiões orientais com frequência chamam de “êxtase de unidade”. Era como se, em um único instante, Ed Mitchell tivesse descoberto e sentido” A Força”. Havia outra coisa que ele se abstivera de contar aos seus companheiros na Apollo. Mais tarde naquela mesma noite, Ed silenciosamente retomou o que fora uma experiência contínua durante toda a jornada para a Lua e depois em direção à terra. Nos últimos tempos, ele andara se envolvendo em experiências com a consciência e a percepção extra-sensorial (PES), dedicando algum tempo ao estudo do trabalho do dr. Joseph B. Rhine, um biólogo que conduzia muitas experiências sobre a natureza extra-sensorial da consciência humana. Dois dos seus mais recentes amigos eram médicos que tinham realizado experiências dignas de crédito acerca da natureza da consciência. Juntos, haviam compreendido que a viagem de Ed à Lua estava lhes oferecendo a oportunidade única de verificar se a telepatia humana poderia ocorrer em distâncias maiores do que as do laboratório do dr. Rhine. Eles estavam diante de uma oportunidade raríssima de constatar se esse tipo de comunicação poderia se estender para além de quaisquer distâncias possíveis na Terra.
Quarenta e cinco minutos depois do início do período de sono, como fizera nos dois dias de viagem para a Lua, Ed pegou uma pequena lanterna portátil e, no papel de sua prancheta, copiou alguns números de maneira aleatória, cada um dos quais correspondia aos famosos símbolos Zener do dr. Rhine – quadrado, círculo, cruz, estrela e par de linhas onduladas. Então, Ed se concentrou intensamente neles, de forma metódica, de um em um, tentando “transmitir” as suas escolhas aos colegas na Terra. Mesmo estando extremamente estimulado pela experiência, ele a guardou para si mesmo. Tentara certa vez ter uma conversa com Alan Shepard-comandante da missão Apollo – sobre a natureza da consciência, mas não era muito próximo de seu chefe e aquele não era o tipo de assunto que animava os outros tanto quanto ele. Alguns dos astronautas tinham pensado em Deus enquanto estavam no espaço, e todo mundo no programa espacial sabia que eles estavam procurando alguma coisa nova a respeito da maneira como o Universo funcionava. Mas se Alan e Stuart Roosa- piloto da missão Apollo-soubessem que Ed estava tentando transmitir pensamentos para pessoas na Terra, teriam achado que ele era ainda mais excêntrico do que já imaginavam. Ed encerrou a experiência da noite e faria outra na noite seguinte, mas depois do que lhe acontecera mais cedo, difícilmente parecia necessário repeti-las; ele tinha agora a sua própria convicção interior de que tudo era verdade. As mentes humanas estavam interconectadas, assim como estavam ligadas a tudo o mais neste mundo e em todos os outros mundos. A sua parte intuitiva aceitava esse fato, mas para o cientista que havia dentro dele isso não era o bastante. Nos 25 anos seguintes ele se voltaria para a ciência esperando que ela lhe explicasse exatamente o que lhe havia acontecido naquela viagem.
MUDANÇA DE PARADIGMAS
A fantástica experiência de Edgar Mitchell no espaço deixara minúsculas rachaduras em um grande número de seus sistemas de crença. No entanto, o que mais incomodava Ed a respeito de sua experiência no espaço eram as explicações científicas da biologia, em particular acerca da consciência, que agora lhe parecia impossivelmente redutiva. Apesar do que aprendera na física quântica a respeito da natureza do Universo nos anos que passou no MIT, ele tinha a impressão de que a biologia permanecia atolada em uma visão de mundo com 400 anos de idade. O modelo biológico ainda parecia se basear em uma visão newtoniana clássica da matéria e da energia, de corpos sólidos e separados que se movimentam de maneira previsível no espaço vazio, e em uma concepção cartesiana do corpo como sendo separado da alma, ou da mente. Nada nesse modelo poderia refletir com precisão a verdadeira complexidade de um ser humano, de sua relação com o seu mundo ou, mais particularmente, com a sua consciência; os seres humanos e as suas partes ainda eram tratados, para todos os efeitos, como máquinas. A maioria das explicações biológicas dos grandes mistérios das coisas vivas tentam compreender o todo desmembrando-o em partes cada vez mais microscópicas. O corpo supostamente assume a sua forma devido às informações genéticas, à síntese da proteína e da mutação cega. De acordo com os neurocientistas da época, a consciência residia no córtex cerebral – o resultado de uma simples mistura de substâncias químicas com as células cerebrais. As substâncias químicas eram responsáveis pela televisão ligada em nosso cérebro, e também por “aquilo” a que assistimos nela.  Conhecemos o mundo por causa das complexidades do nosso mecanismo. A biologia moderna não acredita em um mundo que seja essencialmente indivisível. Em seu trabalho de física quântica no MIT, Ed Mitchell aprendera que no nível subatômico, a visão newtoniana, ou clássica – que diz que tudo funciona de maneira previsível, confiável e portanto mensurável – havia muito tinha sido descartada em favor das teorias quânticas, que sustentam que o Universo e a forma como ele funciona não são tão comportados quanto os cientistas costumavam imaginar.
MATÉRIA,ENERGIA,PARTÍCULAS QUÂNTICAS….UNIVERSO
A matéria, em seu nível mais fundamental, não poderia ser dividida em unidades que existem de modo independente, nem mesmo ser plenamente descrita. As partículas subatômicas não eram pequenos objetos sólidos como bolas de bilhar, mas pacotes de energia que não poderiam ser quantificados ou compreendidos em si mesmos com exatidão. Ao contrário, eles eram esquizofrênicos, às vezes se comportando como partículas — uma coisa determinada e confinada a um pequeno espaço – e às vezes como onda – algo vibrante e mais difuso espalhado sobre uma grande região de espaço e do tempo. E em outras ocasiões se comportava simultaneamente como onda e partícula. As partículas quânticas também eram onipresentes. Por exemplo, ao passar de um estado de energia para outro, os elétrons pareciam estar experimentando ao mesmo tempo todas as novas órbitas possíveis, como alguém que deseja comprar uma casa e esteja tentando morar em todas as casas do quarteirão no mesmo instante para escolher em qual irá por fim se instalar. E nada era certo. Não havia localizações definidas, apenas a possibilidade de que um elétron, digamos, poderia estar em determinado lugar, nenhuma ocorrência garantida, mas apenas a probabilidade de que aquilo pudesse acontecer. Nesse nível de realidade, não se tinha certeza de nada; os cientistas precisavam ficar satisfeitos com o fato de poder apostar nas possibilidades. O melhor que jamais poderia ser calculado era a probabilidade de que, quando você fizesse uma medida, obteria determinado resultado em certa percentagem do tempo. Os relacionamentos de causa e efeito não mais eram válidos no nível subatômico. Átomos que pareciam estáveis poderiam, de repente, sem nenhuma causa aparente, experimentar um distúrbio interior; os elétrons, sem qualquer motivo, decidem passar de um estado de energia para outro. Depois de observar cada vez mais atentamente a matéria, ela já não era mais matéria, não era uma coisa sólida que você poderia tocar ou descrever, e sim uma grande quantidade de eus experimentais, todos se exibindo ao mesmo tempo. Em vez de um Universo de certeza estática, no nível mais fundamental da matéria, o mundo e os seus relacionamentos eram incertos e imprevisíveis, um estado de puro potencial, de infinitas possibilidades. Os cientistas levavam em consideração uma conexão universal no Universo, mas somente no mundo quântico, ou seja, na esfera das coisas inanimadas, e não das vivas. A física quântica descobrira uma estranha propriedade, chamada “não-localidade”, no mundo subatômico.
A INTERCONEXÃO
Ela se refere à capacidade de uma entidade quântica, como um elétron individual, influenciar instantâneamente outra partícula quântica a distância, mesmo sem ter ocorrido nenhuma troca de força ou energia. Ela indicava que quando as partículas quânticas entram em contato umas com as outras, elas mantêm uma ligação mesmo quando separadas, de modo que as ações de uma sempre influenciarão nas da outra, não importa o quanto se separem. Albert Einstein desacreditou essa “misteriosa ação a distância”, que foi uma das principais razões pelas quais ele desconfiava da mecânica quântica, mas esse fato tem sido decididamente confirmado por uma série de físicos desde 1982.  A não-localidade abalou os alicerces da física. O assunto não mais poderia ser examinado em separado. As ações não precisavam ter uma causa observável em um espaço observável. O axioma mais fundamental de Einstein não estava correto: em certo nível da matéria, as coisas podiam viajar mais rápido do que a velocidade da luz. As partículas subatômicas não encerravam nenhum significado enquanto entidades isoladas, podendo apenas ser compreendidas por intermédio de seus relacionamentos. O mundo, em sua essência básica, existia como uma rede complexa de relacionamentos interdependentes, para sempre indivisíveis. Talvez o componente mais essencial desse Universo interligado fosse a consciência viva que o observava. Na física clássica, o experimentador era considerado uma entidade separada, um observador silencioso atrás do vidro, tentando entender um Universo que seguia adiante, quer ele o estivesse observando, quer não. A física quântica, contudo, descobriu que o estado de todas as possibilidades de qualquer partícula quântica colapsava em uma entidade determinada assim que era observada ou quando era feita uma medição. Para explicar esses estranhos eventos, os físicos quânticos haviam postulado que existia um relacionamento participativo entre o observador e o objeto observado — essas partículas só poderiam ser consideradas como “provávelmente” existindo no espaço e no tempo até serem “perturbadas”, e o ato de serem observadas e medidas as obrigava a assumir um estado definido – um ato similar à solidificação de uma substância gelatinosa. Essa espantosa observação também teve implicações devastadoras na interpretação da natureza da realidade. Ela sugeria que a consciência do observador conferia vida ao objeto observado. Nada no Universo existia como uma “coisa” efetiva independentemente da nossa percepção dela. Criamos nosso mundo a cada minuto de cada dia.
QUESTÕES CRUCIAIS
Mas nem a física clássica ou a biologia eram capazes de explicar questões fundamentais, por exemplo: por que somos capazes de pensar, por que as células se organizam da maneira como o fazem, como muitos processos moleculares ocorrem práticamente de modo instantâneo, por que os braços se desenvolvem como braços e as pernas como pernas, embora tenham os mesmos genes e proteínas, por que contraímos câncer, por que esta nossa máquina consegue milagrosamente curar a si mesma, e até mesmo o que é o conhecimento, como sabemos o que sabemos. Os cientistas talvez conhecessem em detalhes os parafusos, os pinos, as dobradiças e vários maquinismos, mas nada sabiam a respeito da força que prove energia para a máquina. Eles conseguiam tratar das mais minúsculas estruturas mecânicas do corpo, mas mesmo assim revelavam-se ignorantes a respeito dos mistérios mais fundamentais da vida. Caso fosse verdade que as leis da mecânica quântica também se aplicavam ao mundo como um todo, e não apenas ao mundo subatômico, à biologia e não só ao mundo da matéria, todo o paradigma da ciência biológica era imperfeito ou estava incompleto. Assim como as teorias de Newton haviam com o tempo sido aperfeiçoadas pelos teóricos quânticos, talvez os próprios Heisenberg e Einstein estivessem errados ou apenas parcialmente certos. Se a teoria quântica fosse aplicada à biologia em maior escala, seríamos encarados mais como uma rede complexa de campos de energia em uma espécie de interação dinâmica com os nossos sistemas celulares químicos. O mundo existiria como uma matriz de inter-relação indivisível, exatamente como Ed experimentara no espaço cósmico. O que estava faltando na biologia clássica era uma explicação para o princípio organizador – para a consciência humana.
O MAR DE LUZ
Todo físico quântico, tem bastante consciência do “campo de ponto zero”. A mecânica quântica demonstrou que não existe o vácuo ou o nada. O que temos a tendência de imaginar como sendo um vazio absoluto se toda a matéria e a energia fossem retiradas do espaço é, se examinássemos até mesmo o espaço entre as estrelas, á partir do ponto de vista subatômico,ou seja, um enxame de atividade. O princípio da incerteza desenvolvido por Werner Heisenberg, um dos principais arquitetos da teoria quântica, sugere que nenhuma partícula jamais permanece completamente em repouso, estando em constante movimento devido a um campo de energia em estado fundamental que interage sem parar com toda a matéria subatômica. Significa que a subestrutura básica do Universo é um mar de campos quânticos que não podem ser eliminados por nenhuma lei conhecida da física. O que acreditamos ser o nosso Universo estável e estático é, na verdade, um turbilhão fervilhante de partículas subatômicas que transitoriamente adquirem vida e deixam de existir.Embora o princípio de Heisenberg se refira mais notoriamente à incerteza agregada à mensuração das propriedades físicas do mundo subatômico, ele também tem outro significado: não podemos conhecer simultâneamente a energia e o tempo de vida de uma partícula, de modo que um evento subatômico que ocorra dentro de um minúsculo intervalo de tempo envolve uma quantidade de energia incerta. Básicamente, devido às teorias de Einstein e à sua famosa equação E=mc2 , que relaciona a energia à massa, todas as partículas elementares interagem umas com as outras trocando energia por meio de outras partículas quânticas, que acredita-se que surjam do nada, combinando-se e aniquilando umas às outras em menos de um instante — 10 23 segundos, para ser exata – causando flutuações aleatórias de energia sem nenhuma causa aparente. As partículas transitórias geradas durante esse breve momento são conhecidas como “partículas virtuais”. Elas diferem das partículas reais porque só existem durante essa troca – o tempo de “incerteza” permitido pelo princípio da incerteza.  Esse” tango subatômico”, por mais breve que seja, quando adicionado por todo o Universo, dá origem a uma enorme energia, maior do que a contida em toda a matéria do mundo. Também chamado pelos físicos de “o vácuo”, o campo de ponto zero foi chamado de “zero” porque as flutuações no campo ainda são detectáveis em temperaturas de zero absoluto, o estado energético mais baixo possível, do qual toda a matéria foi removida e supostamente nada resta para executar qualquer movimento. A energia do ponto zero, era a energia presente no estado mais vazio do espaço na energia mais baixa possível, do qual mais nenhuma energia poderia ser removida – o mais próximo que o movimento da matéria subatômica chega de zero.  No entanto, por causa do princípio da incerteza, sempre haverá alguma agitação residual devido à troca das partículas virtuais, que sempre fora descartada por se encontrar eternamente presente. Nas equações da física, a maioria dos físicos costumava remover a problemática energia do ponto zero, processo que se chama “renormalização”.3 Como a energia do ponto zero estava sempre presente, afirmava a teoria, ela não alterava nada. Como não alterava nada, não era levada em conta.
FORÇA E MAGNETISMO
Imagine pegar uma partícula subatômica carregada e anexá-la a uma pequena mola sem atrito (como os físicos gostam de fazer para calcular suas equações). Ela deverá saltar para cima e para baixo durante algum tempo, e depois, a uma temperatura de zero absoluto, parar de se mover. O que os físicos, a partir de Heisenberg, descobriram é que a energia no campo de ponto zero continua a atuar sobre a partícula, de modo que ela nunca atinge a posição de repouso, permanecendo a se movimentar ininterruptamente sobre a mola. 6 Para rebater as objeções de seus contemporâneos, que acreditavam no espaço vazio, Aristóteles foi uma das primeiras pessoas a sustentar que o espaço era na verdade um plenum (uma estrutura de fundo repleta de coisas). Bem mais tarde, em meados do século XIX, o cientista Michael Faraday introduziu o conceito de um campo com referência à eletricidade e o magnetismo, acreditando que o aspecto mais importante da energia não era a fonte, mas o espaço ao seu redor, assim como a influência de um sobre o outro por meio de alguma força.  Na opinião de Faraday, os átomos não eram duros como bolas de bilhar, e sim o centro mais concentrado de uma força que se estenderia pelo espaço.
Um Campo é uma matriz ou um meio que liga dois ou mais pontos no espaço, geralmente por meio de uma força, como a gravidade ou o eletromagnetismo. A força é em geral representada por ondulações no campo. Um campo eletromagnético, usando apenas um exemplo, é formado por um campo elétrico e um campo magnético que se cruzam, emitindo ondas de energia na velocidade da luz. Um campo elétrico e magnético se forma ao redor de qualquer carga elétrica (que é simplesmente um excesso ou um déficit de elétrons). Tanto o campo elétrico quanto o magnético possuem duas polaridades (negativa e positiva), e ambas farão com que qualquer outro objeto carregado seja atraído ou repelido, dependendo de as cargas serem opostas (uma positiva e outra negativa) ou iguais (ambas positivas ou ambas negativas). O campo é considerado a área do espaço onde essa carga e seus efeitos podem ser detectados. A noção de campo eletromagnético é uma abstração conveniente inventada pelos cientistas (e representada por linhas de “força”, indicadas pela direção e pela forma) para tentar entender as ações aparentemente extraordinárias da eletricidade e do magnetismo, e a sua capacidade de influenciar objetos a distância – e, técnicamente, até o infinito – sem nenhuma substância ou matéria detectável entre eles. Para simplificar, um Campo é uma região de influência. Como descreveram dois pesquisadores: “Todas as vezes que usamos a nossa torradeira, os campos ao redor dela perturbam, levemente, partículas energizadas nas galáxias mais distantes.”
FÍSICOS BUSCAM A “TEORIA DO CAMPO UNIFICADO”-~Marcelo Gleiser,
– professor de física teórica do Dartmouth College, em Hanover (Estados Unidos), e autor do livro “A Dança do Universo”.
“Por que os cientistas gostam tanto de uma teoria? A resposta é mais simples do que parece. Teorias organizam, de forma concisa e precisa, fatos que são observados no laboratório e fora dele. Uma boa teoria deve ser capaz de explicar uma série de fenômenos observados na natureza e também de prever a existência de novos fenômenos a serem observados no futuro.Podemos, por exemplo, contrastar a teoria da gravitação universal de Newton e a da relatividade geral de Einstein. Apesar de ambas tratarem do fenômeno gravitacional, elas o fazem de modo distinto.Enquanto a teoria de Newton descreve a gravitação como uma “ação a distância”, ou seja, como uma força que atravessa (misteriosamente) o espaço vazio, Einstein propôs que a gravitação pode ser explicada por meio de um tratamento geométrico, em que a presença de um corpo maciço deforma a geometria do espaço à sua volta.A geometrização do fenômeno gravitacional e seu sucesso teve um profundo impacto no resto da vida de Einstein. Se a gravitação pode ser explicada elegantemente por uma descrição puramente geométrica, por que não o eletromagnetismo, a única outra força que, como a gravitação, também tem longo alcance?Até sua morte em 1955, Einstein procurou por uma formulação geométrica que não só explicasse os fenômenos eletromagnéticos, mas também os unificasse com a gravitação. Uma teoria unificada da gravitação e do eletromagnetismo trata fenômenos gravitacionais e eletromagnéticos como manifestação de uma única força, ou mais precisamente, de um único campo, o campo unificado. A cada força está associado um campo. Se colocarmos um prego perto de um ímã, sentimos a presença do campo magnético criado. Campo é uma manifestação espacial da presença de uma certa fonte.A idéia de unificação é fundamental em física. O poder ou eficácia de uma teoria pode ser medido pela quantidade de fenômenos diversos que ela pode explicar. Newton unificou a física dos fenômenos gravitacionais celestes com a dos fenômenos gravitacionais terrestres. No século 19, Faraday, Maxwell e outros mostraram que fenômenos elétricos e magnéticos podem ser descritos conjuntamente pelo campo eletromagnético.Apesar de Einstein ter falhado em sua missão, sua influência permanece viva até hoje. A idéia de unificação de forças é uma das mais populares entre físicos teóricos do mundo inteiro. Ao eletromagnetismo e à gravitação são adicionadas duas outras forças, que se manifestam apenas a distâncias subatômicas, que são as forças nucleares forte e fraca.
As quatro forças descrevem, em princípio, todos os fenômenos observados, desde escalas microscópicas às macroscópicas. Portanto, a “Teoria de Tudo” unificaria as quatro forças fundamentais em apenas uma, a força unificada. Essa unificação se manifesta apenas a energias extremamente altas, muito mais altas do que nós podemos testar nos laboratórios atuais. Por trás da realidade física, apenas visível a energias altíssimas, existe uma outra realidade, em que tudo é manifestação de um campo unificado. Em sua intimidade, a natureza é extremamente simples.A idéia de unificação das quatro forças fundamentais não é absurda nem influenciada por tendências monoteístas, como pode parecer. Já conseguimos unificar as forças eletromagnética e fraca, conforme comprovado experimentalmente em 1983 por Carlo Rubia e seu time em Genebra, baseados em previsões teóricas de S.Glashow, A. Salam e S. Weinberg. A energias cerca de mil vezes maiores que as nucleares, as forças eletromagnética e fraca se manifestam como uma única força, a eletrofraca. O próximo passo é incluir a força nuclear forte e, eventualmente, a gravitação nessa unificação. Talvez a visão de Einstein não tenha sido apenas uma fantasia.”
(CONTINUA….)
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CONCLUSÃO E NOTA DO BLOG
O alvo da ciência moderna é ganhar um completo conhecimento da Lei Natural e unir esta compreensão dentro de uma única perspectiva. Nos últimos anos, rápidos e significantes conhecimentos têm surgido de forma a unificar a nossa compreensão a respeito das Leis da natureza e nos levam a uma compreensão da forma como o Campo Unificado de todas essas leis se expressam no nível manifesto, as estruturas diversas da Lei Natural observadas na criação e descritas pelas vastas ramificações da ciência.Na área da física durante as décadas de 40 e 50, a teoria do Campo Quântico foi desenvolvida e nela as interações de partículas elementares tais como o elétron ou o próton puderam ser compreendidas. A Teoria do Campo Quântico revela a existência de um estado de mínima excitação no Campo, o estado de vácuo, um ilimitado, imanifestado estado de perfeita ordenação e correlação infinita, que é a estado básico das Leis da Natureza governando o Campo Quântico. O estado de vácuo do Campo Quântico é um campo de todas as possibilidades, apesar de imutável ele é a fonte de todos os fenômenos mutáveis no Campo.Por volta dos anos 60, o inteiro espectro do fenômeno natural foi compreendido a partir da derivação de 4 forças fundamentais da natureza: Eletromagnetismo, Gravidade, interação forte e interação fraca. Desde esta época, houve grande sucesso em uma unificação mais avançada do conhecimento destas forças fundamentais. Primeiro a interação fraca e o eletromagnetismo foram unificados e depois esta teoria unificada do eletromagnetismo e da interação fraca foram combinadas com a teoria da interação forte em uma estrutura teórica chamada de “Teorias da grande Unificação”.No mundo quântico, os campos quânticos não são mediados por forças, mas pela troca de energia, que é constantemente redistribuída em um padrão dinâmico. Essa troca constante é uma propriedade intrínseca das partículas, de modo que até mesmo as partículas “reais” nada mais são do que um pequeno aglomerado de energia que emerge por um curto período de tempo e volta a desaparecer no campo subjacente. De acordo com a teoria do campo quântico, a entidade individual é transitória e insubstancial. As partículas não podem ser separadas do espaço vazio que as cerca. O próprio Einstein reconheceu que a matéria era “extremamente intensa” – de certo modo, um distúrbio da perfeita aleatoriedade – e que a única realidade fundamental era a entidade subjacente: o próprio Campo.  As flutuações no mundo atômico correspondem a um incessante passar da energia de um lado para o outro, como uma bola em um jogo de pingue-pongue. Essa troca de energia é análoga a emprestar um centavo para alguém: ficamos um centavo mais pobres, e a outra pessoa um centavo mais rica, até que ela paga o centavo de volta e os papéis se invertem. Esse tipo de emissão e a reabsorção das partículas virtuais ocorrem não só entre fótons e elétrons, mas em todas as partículas quânticas do Universo. O campo de ponto zero é um repositório de todos os campos, de todos os estados fundamentais de energia e de todas as partículas virtuais – um Campo de Campos. Toda troca de cada partícula virtual irradia energia. A energia do ponto zero em qualquer transação particular em um campo eletromagnético é inimaginavelmente minúscula – a metade de um fóton. Mas ,se somarmos todas as partículas de todas as variedades no Universo que estão constantemente adquirindo vida e deixando de existir, nos vemos diante de uma vasta e inexaurível fonte de energia – igual ou maior do que a densidade de energia em um núcleo atômico — discretamente posicionada em segundo plano no espaço vazio à nossa volta, como um pano de fundo difuso e sobrecarregado. Foi calculado que a energia total do campo de ponto zero excede toda a energia da matéria por um fator de 1040 , ou 1 seguido de 40 zeros.  Como descreveu certa vez o grande físico Richard Feynman ao tentar explicar uma idéia dessa magnitude, a energia em um único metro cúbico é suficiente para ferver todos os oceanos do mundo….
EQUIPE DA LUZ É INVENCÍVEL
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Bibliografia para consulta
 O Universo Elegante
Brian Greene
A Matriz Divina-Gregg Braden
Em Busca da Unificação
 Charles W. Misner, Kip S. Thorne and John Archibald Wheeler
O Tecido do Cosmos  , The Hidden Reality .
Brian Greene
 Einstein Philosophe 
Presses Universitaires de France
Geons, Black Holes and Quantum Foam – a Life in Physics
John Archibald Wheeler and Kenneth Ford
Comment on a Criticism of Unified Field Theory  (Physical Review 89, p. 321).
(Physical Review 89, p. 321).
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